Olhos, Raios e Relâmpagos.

Benjamin: Se eu pudesse roubar um pouco dessa sua felicidade…

Clarisse: Qual? Não há nenhuma.

Benjamin: A que está estampada nos seus olhos.

Clarisse: Eles são tão escuros, como você pode enxergar algo neles?

Benjamin: São olhos de temporal.

Clarisse: Isso não parece bom.

Benjamin: E o que vem depois do temporal?

Clarisse: Se o temporal for durante o dia… O sol. Se for durante a noite, vai continuar sendo escuro.

Benjamin: E o brilho das estrelas?

Clarisse: E os pássaros?

Benjamin: O que têm eles?

Clarisse: O temporal afasta os pássaros.

Benjamin: Mas os pássaros dormem durante a noite.

Clarisse: Você também devia dormir…

Benjamin: Só vou fechar meus olhos quando você fechar os seus.

Clarisse: Seus olhos de relâmpago.

Benjamin: Relâmpago?

Clarisse: A claridade que corta o céu durante o temporal…

Benjamin: Não importa o quão claro eles sejam, sempre serão vazios.

Clarisse: Nunca entendo a diferença entre os raios e os relâmpagos…

Benjamin: E a diferença entre a felicidade e o vazio? O escuro e o claro?

Clarisse: Você deixa marcas no asfalto…

Benjamin: O que disse?

Clarisse: Marcas no asfalto.

Benjamin: Não entendi.

Clarisse: Seus olhos, relâmpagos ou trovões… Seja lá o que forem, deixam marcas coloridas no asfalto.

Benjamin: Saiba que os meus olhos só existem por causa dos seus.

Clarisse: Ora! Não exagere…

Benjamin: O que seriam dos raios e relâmpagos sem o temporal, Clarisse?