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Entro no banheiro com as pernas meio bambas. No reflexo meio embaçado do espelho vejo as olheiras que relatam a madrugada de terça-feira. O barulho calmo da água que minha mão acompanha aos poucos ao tentar lavar o rosto numa frustração que fica escancarada aos quatro cantos desse mundo forrado e particular. Tranco a porta numa casa em que a única companhia que me resta são as sombras dos objetos. E calmamente colo uma música,para que Johnny Cash faça carinho aos meus ouvidos tumultuados de pensamentos que preciso jogar fora com urgência.
É triste tentar decodificar num reflexo o que você acabou se tornando. E mais triste ainda chorar por saber que, dentre todas as idas e vindas, não restou ninguém pra emprestar o ombro.
Os amigos, os amores, os familiares acabaram sempre fazendo os relacionamentos serem de raspão. Fico me perguntando o que é que vem agora… Eu não sinto nada. Nenhum toque, nenhum afago, nenhum rugido tentando flertar com os meus pensamentos… Nada. Só um espremedor de laranjas no estômago, depois que as borboletas voaram… Aprendi que, assim como as borboletas, era preciso deixar as pessoas livres. Livres pra irem embora, veja o absurdo. Livres pra partirem da minha vida contra minha vontade, contra o que sinto, contra meus conceitos de que o pra sempre existe. É absurdo ter de aceitar uma coisa que a minha mente não consegue compreender.
Eu só sei ser livre quando estou presa a relacionamentos, pessoas, sentimentos… Por mais que eu queira, esse menina, que eu vejo, agora, me olhando no espelho, só sabe ser feliz quando existe um outro. E sei que me relacionar com as pessoas é mais triste do que ser só, porque todas as vias insistem num adeus. Eu não aprendi a matar as pessoas dentro de mim, a deixá-las num cantinho da memória pra só lembrar com saudades. Eu quero sempre tudo de volta. Eu quero sempre tudo aqui, agora, comigo, num baile com o tema intitulado “Para Sempre”. E é nesse baile de pensamentos que a minha mente vive. E dá uma puta ressaca, uma puta vontade de correr pro passado e dar replay em todos os momentos bons e ruins da minha vida.
É nostálgico, solitário e de uma burrice enorme agarrar-me ao passado como me agarro ao travesseiro todas as noites. Ir aos caminhos escuros dessa casa que por todos os lados relatam histórias que já deram o que tinham a oferecer, formular milhares de conversas com amores que sequer chegaram... É de minha natureza viver melancolicamente o que acontece todos os dias. Desejo todos os dias que as pessoas fiquem e desejo com mais intensidade que elas partam. Só não sei como olhar pras pessoas escapulindo entre meus dedos sem dor nenhuma, sem sofrer toda vez que vejo alguém tentando pegar os pedaços que ficaram comigo e as soldando porque só colar não é suficiente, sem sentir remorso por saber que a suposta garantia que eu tinha de felicidade foi embora pra ser a garantia de outra pessoa.
Meu Deus, como me dói ser só e triste e ver tudo em partículas mínimas soltas pela vida. Como me dói ser eu e não poder ser nada, além disso. Como me dói ver reflexos do que fui, do que estou sendo e do que ainda vou ser.
Como me dói olhar retratos, cartas, gravações, histórias perdidas por todos os cantos desse espelho. Um espelho quebrado e que não deixou cair os pedaços. Um espelho que, mesmo morto, ainda vive.
Eu me vejo. Eu vejo tudo. Eu vejo o que existia, o que existe e o que ainda vai existir. Eu vejo um filme de sessenta segundos toda vez que alguém parte. Ver alguém morrendo na nossa história dói, enche copos e mais copos de lágrimas e vodkas, mas triste mesmo é não me reconhecer em nenhum reflexo. Triste mesmo é-me ver morrendo toda vez que uma história acaba, toda vez que um amor começa, toda vez que eu me procuro e não encontro.
Ficaram apenas as ilusões diárias, um amor próprio com cheiro de mofo, maçãs estragadas, molduras sem retratos, mas ainda sim é impossível pintar de branco a minha casa. A casa de onde até as sombras vivem querendo partir, de onde eu mesma tento fugir o tempo inteiro. A dor só é bonita pra quem vê em cada palavra dita um amor que existiu, porque pra quem as diz e sente é como arrancar pedaços grandes de nós mesmos.
E eu continuo firme, talvez com Johnny ao fundo gritando em sussurros:
“I wear this crown of thorns
Upon my liar’s chair
Full of broken thoughts
I cannot repair
(…)”
Beatriz Raposo é uma menina de 17 anos que sonha em viajar pelo mundo e ir à grandes festivais de música. Adora ter ideias, ama chiclete de morango e tem horror a acordar cedo!
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28 dezembro 2011
I cannot repair.
Entro no banheiro com as pernas meio bambas. No reflexo meio embaçado do espelho vejo as olheiras que relatam a madrugada de terça-feira. O barulho calmo da água que minha mão acompanha aos poucos ao tentar lavar o rosto numa frustração que fica escancarada aos quatro cantos desse mundo forrado e particular. Tranco a porta numa casa em que a única companhia que me resta são as sombras dos objetos. E calmamente colo uma música,para que Johnny Cash faça carinho aos meus ouvidos tumultuados de pensamentos que preciso jogar fora com urgência.
É triste tentar decodificar num reflexo o que você acabou se tornando. E mais triste ainda chorar por saber que, dentre todas as idas e vindas, não restou ninguém pra emprestar o ombro.
Os amigos, os amores, os familiares acabaram sempre fazendo os relacionamentos serem de raspão. Fico me perguntando o que é que vem agora… Eu não sinto nada. Nenhum toque, nenhum afago, nenhum rugido tentando flertar com os meus pensamentos… Nada. Só um espremedor de laranjas no estômago, depois que as borboletas voaram… Aprendi que, assim como as borboletas, era preciso deixar as pessoas livres. Livres pra irem embora, veja o absurdo. Livres pra partirem da minha vida contra minha vontade, contra o que sinto, contra meus conceitos de que o pra sempre existe. É absurdo ter de aceitar uma coisa que a minha mente não consegue compreender.
Eu só sei ser livre quando estou presa a relacionamentos, pessoas, sentimentos… Por mais que eu queira, esse menina, que eu vejo, agora, me olhando no espelho, só sabe ser feliz quando existe um outro. E sei que me relacionar com as pessoas é mais triste do que ser só, porque todas as vias insistem num adeus. Eu não aprendi a matar as pessoas dentro de mim, a deixá-las num cantinho da memória pra só lembrar com saudades. Eu quero sempre tudo de volta. Eu quero sempre tudo aqui, agora, comigo, num baile com o tema intitulado “Para Sempre”. E é nesse baile de pensamentos que a minha mente vive. E dá uma puta ressaca, uma puta vontade de correr pro passado e dar replay em todos os momentos bons e ruins da minha vida.
É nostálgico, solitário e de uma burrice enorme agarrar-me ao passado como me agarro ao travesseiro todas as noites. Ir aos caminhos escuros dessa casa que por todos os lados relatam histórias que já deram o que tinham a oferecer, formular milhares de conversas com amores que sequer chegaram... É de minha natureza viver melancolicamente o que acontece todos os dias. Desejo todos os dias que as pessoas fiquem e desejo com mais intensidade que elas partam. Só não sei como olhar pras pessoas escapulindo entre meus dedos sem dor nenhuma, sem sofrer toda vez que vejo alguém tentando pegar os pedaços que ficaram comigo e as soldando porque só colar não é suficiente, sem sentir remorso por saber que a suposta garantia que eu tinha de felicidade foi embora pra ser a garantia de outra pessoa.
Meu Deus, como me dói ser só e triste e ver tudo em partículas mínimas soltas pela vida. Como me dói ser eu e não poder ser nada, além disso. Como me dói ver reflexos do que fui, do que estou sendo e do que ainda vou ser.
Como me dói olhar retratos, cartas, gravações, histórias perdidas por todos os cantos desse espelho. Um espelho quebrado e que não deixou cair os pedaços. Um espelho que, mesmo morto, ainda vive.
Eu me vejo. Eu vejo tudo. Eu vejo o que existia, o que existe e o que ainda vai existir. Eu vejo um filme de sessenta segundos toda vez que alguém parte. Ver alguém morrendo na nossa história dói, enche copos e mais copos de lágrimas e vodkas, mas triste mesmo é não me reconhecer em nenhum reflexo. Triste mesmo é-me ver morrendo toda vez que uma história acaba, toda vez que um amor começa, toda vez que eu me procuro e não encontro.
Ficaram apenas as ilusões diárias, um amor próprio com cheiro de mofo, maçãs estragadas, molduras sem retratos, mas ainda sim é impossível pintar de branco a minha casa. A casa de onde até as sombras vivem querendo partir, de onde eu mesma tento fugir o tempo inteiro. A dor só é bonita pra quem vê em cada palavra dita um amor que existiu, porque pra quem as diz e sente é como arrancar pedaços grandes de nós mesmos.
E eu continuo firme, talvez com Johnny ao fundo gritando em sussurros:
“I wear this crown of thorns
Upon my liar’s chair
Full of broken thoughts
I cannot repair
(…)”
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